Os saldos são das épocas mais aguardadas do ano. Tanto os amantes da moda como os mais poupados esperam ansiosamente por esta altura para comprar mais por menos! As lojas fazem promoções desde os simples 20% e 30% até aos 70% em alguns casos. Coisas que noutra altura pareciam demasiado caras ganham agora um novo brilho e tornam-se numa tentação. De tal forma que as lojas ficam um caos e as pessoas “loucas”, mexem e remexem tudo sem se importarem um pouco com os artigos que não querem.
Eu também já fui vítima deste ataque de “loucura”, tentava encontrar os melhores achados das minhas lojas favoritas. Mas depois de descobrir todos os problemas ligados aos saldos e à fast fashion prometi a mim mesma que só em último caso voltava a estas lojas.

Problemas dos saldos
Em primeiro lugar vem o problema do consumismo excessivo. Temos sempre a ideia de que não temos nada para vestir e que precisamos de algo novo. Mas ir às compras com este sentimento é como ir ao supermercado quando se está com fome, acabamos sempre a comprar coisas que na realidade não precisamos.
Depois temos a influência dos descontos. Ver uma peça com um desconto brutal e pensar que se tem de levar por ser um bom negócio. Ou seja, compramos só porque seria muito mau deixar a oportunidade escapar e porque “um dia pode dar jeito”. Das peças que comprei e vi comprar nestas circunstâncias a maior parte foi usada uma vez e pronto.
O ponto seguinte não afeta todos mas ainda engloba bastante gente, acabar por não poupar nada. Com as compras de última hora o valor gasto acaba por ser maior do que seria se fossemos comprar apenas aquilo que realmente procurávamos. Claro que se formos olhar para as etiquetas poupámos bastante. Mas será que iríamos olhar para as peças da mesma forma no seu preço original?
Problemas do fast fashion
Para além destes fatores todos que afetam diretamente a nossa carteira não nos podemos esquecer dos problemas do mundo do fast fashion. As lojas desta categoria são lojas que fazem produção em massa dos seus artigos. Na maioria dos casos (ou todos) as empresas recorrem a fábricas em países mais pobres para fazerem exploração e poderem pagar o mínimo possível aos seus empregados.
Aconselho-vos a ver o documentário da Netflix chamado The True Cost.
Para além disto temos a origem do material usado para produzir as peças. Como já devem ter percebido o plástico é um material muito barato a nível de produção, por isso é usado para tudo e mais alguma coisa. A roupa não é uma excepção! Se olharem bem para as etiquetas da vossa roupa vão encontrar os nomes dos vários materiais usados naquela peça. Se virem coisas como poliéster e nylon estão perante fibras sintéticas, plástico. Ou seja, de cada vez que lavam as vossas peças de roupa, estas libertam microplásticos para a água. Infelizmente para piorar a situação na maior parte dos casos este material é criado de origem. O que limita bastante o tempo de vida do material em si, pois nunca será reciclado. No entanto, com os movimentos mais recentes, já começam a haver algumas grandes marcas a investir no uso do plástico reciclado.
Fibras naturais: algodão, linho, lã e seda. Fibras artificiais e sintéticas: poliéster, acrílico, elastano, poliamida, nylon, lycra, viscose, acetato
Onde comprar
A minha missão estes saldos é literalmente não comprar nenhuma peça de roupa. Tenho o armário mais do que cheio e sem necessidade de acrescentar mais nada. Claro que vejo peças giras e que noutras alturas nem pensava duas vezes em comprar. Mas depois de ver todos os pontos negativos do Fast Fashion comecei a explorar outras opções:

Comprar em marcas slow fashion
A primeira opção não é a mais barata e provavelmente está fora de alcance de muitos de nós. Slow fashion consiste em peças que são feitas com o seu devido valor, onde todas as pessoas que estão envolvidas na produção de uma peça são pagas de forma justa. São peças que não são produzidas em grande escala e têm uma maior durabilidade. Para além disso o material usado é na maior parte das vezes 100% fibras naturais. Isto tudo junto contribuiu para a redução do impacto ambiental da produção de roupa.
Comprar em lojas de segunda mão
Esta é a opção mais barata e sem dúvida mais simples. Comprar roupa em segunda mão é dar uma segunda oportunidade a algo que para outra pessoa já não tem valor. Pode até já ser uma peça muito antiga, mas para nós será nova! Dá-nos a possibilidade de criar novos looks e brincar um pouco com o que já temos. Desta forma estamos a reduzir todo o impacto ambiental da produção de uma nova peça.
Em cidades mais pequenas não é fácil encontrar este tipo de lojas, mas podem sempre fazê-lo online. Já existem imensas contas de instagram para venda de roupa em segunda mão e há sempre o olx onde também se vê muita coisa. Apenas certifiquem-se de que a peça é mesmo o vosso tamanho e que terá uma boa probabilidade de ficar bem.
Slow Fashion Season
Não é fácil evitar os saldos, mas é um batalha que devemos tentar ganhar. Juntos fazemos a diferença e neste momento já somos mais de 10.000 pessoas inscritas nesta batalha. O slow fashion season é um movimento recente que pretende consciencializar a pessoas para o impacto do mundo da moda no nosso planeta. Escolheram estes meses de verão e saldos para criar a campanha de 3 meses sem roupas novas. De 21 de Junho a 21 de Setembro eu não vou comprar roupa nova e tu?