O lixo comum é o sítio para onde colocamos tudo o que não é reciclável, ou não nos apetece reciclar. É o maior saco de desperdício de todas as casas. De tal forma que nas ruas é o contentor que aparece em mais quantidade! Já sabemos o que acontece àquilo que colocamos na reciclagem, agora falta saber o que acontece ao lixo dito comum.

Para saber mais sobre este assunto estive na Valorlis, empresa de recolha de resíduos da zona de Leiria e arredores. Tudo o que for dito aqui baseia-se na informação dada por esta entidade. Por isso se forem doutra zona pode acontecer que hajam procedimentos diferentes.
Depois da recolha
Logo após a chegada de um camião de lixo comum ao local de receção, os sacos são rasgados para libertar todos os resíduos. Depois o lixo passa por uma máquina de separação que actua consonante a dimensão do resíduo. Por outras palavras, separa os resíduos orgânicos dos outros. Deste ponto o lixo pode ter 2 destinos diferentes, ou o aterro ou a central de valorização orgânica.
Antes de mais é preciso mencionar que não há qualquer triagem a nível de separação de materiais possivelmente recicláveis. Portanto se colocarem uma garrafa de refrigerante no lixo comum é garantido que esta não vai ser reciclada e vai parar ao aterro onde vai demorar inúmeros anos a decompor.
O lixo no aterro
O destino mais comum e mais conhecido do nosso lixo é o aterro. Se alguma vez passaram perto de uma empresa destas e sentiram um cheiro horrível, foi daqui que ele veio. Para criar um aterro são precisas algumas fases de preparação e depois manutenção. Em primeiro lugar é preciso escavar o buraco e instalar tubos pelos quais depois vai ser recolhido o biogás. Depois é preciso cobrir toda a área com um material especial, para que o líquido resultante da decomposição não vá para o subsolo.

Biogás – wikipédia
Biogás é o nome comum dado a uma mistura de gases que foi produzida pela decomposição biológica da matéria orgânica na ausência de oxigênio. Normalmente consiste em uma mistura gasosa composta principalmente de gás metano (CH4) e gás carbônico (CO2).
Assim que esteja tudo pronto e o último aterro fechado, as máquinas podem começar a colocar os resíduos no aterro. Felizmente ainda é um processo demorado e cada aterro leva centenas de toneladas de lixo. Como podem ver pela foto seguinte, um aterro não é ocupada apenas o volume do buraco escavado mas também é feito um monte por cima do mesmo. Isto permite que haja um maior aproveitamento do espaço disponível, até porque depois com a decomposição o monte abate.

Assim que atingir a lotação máxima os resíduos são todos cobertos de terra, e os tubos ligados para a recolha do biogás. Este biogás é usado para a produção de energia elétrica e é considerado um biocombustível. Após o encerramento de um aterro é preciso continuar a fazer uma monitorização do seu estado. Quando o processo de degradação do lixo for dado como concluído o antigo aterro pode virar um espaço verde!

O lixo na central de valorização orgânica
Este é um processo relativamente novo que surgiu da necessidade de reduzir a quantidade de lixo que estava a ser colocada nos aterros. Com o aumento do consumismo e o desleixe das pessoas, o lixo chegou a níveis nunca imaginados. De tal forma que foi a própria União Europeia que emitiu o pedido para a redução destes níveis.
A central de valorização orgânica funciona de maneira idêntica a um compostor. Aqui são colocados todos os lixos de origem orgânica, ou seja, todos os resíduos que são provenientes de origem animal ou vegetal. Isto incluiu cascas de fruta, de ovos, restos de comida, borras do café, entre outros. Por serem de origem orgânica estes lixos têm uma decomposição total e não há razão para não serem aproveitados.
Com um processo de aceleração de degradação da central, que incluiu adição de água e agitação, daqui resultam 2 produtos finais. Não só biogás que tal como no aterro é usado para a produção de electricidade, mas também adubo. Este adubo é terra rica em nutrientes, que pode vir a ser usada em plantações. O único fator a ter em conta com este adubo, é que por razões de segurança, não deve estar em contacto direto com alimentos. Ou seja, plantações de batata e cenoura não podem usufruir deste adubo produzido pela central.

Novidades
Recentemente foi anunciado que iremos ter um novo contentor, o contentor castanho, que irá recolher apenas o lixo orgânico. Este novo contentor vai não só tornar mais eficiente o processo de aproveitação dos resíduos, mas também dar a possibilidade às pessoas que não têm um compostor em casa de começar a separar o seu lixo. Para além disso é uma boa forma de começar a consciencializar as pessoas sobre o lixo (mesmo lixo) que fazem.